Pra entender o pensamento de Piaget por completo, é essencial compreender que, pra ele, o conhecimento não surge de uma vez só. Ele vai se construindo, passo a passo, conforme o indivíduo amadurece e interage com o meio. E esse processo acontece em estágios, ou seja, em fases que se sucedem de forma ordenada.
Esses estágios não dependem apenas da idade, mas da maturação biológica e das experiências que a pessoa vive. Então, a idade é uma média, não uma regra rígida.
Piaget identificou quatro estágios principais do desenvolvimento cognitivo. Vamos entender cada um deles com calma.
O primeiro estágio é o sensório-motor, que vai, aproximadamente, do nascimento até os dois anos de idade.
Nessa fase, o bebê conhece o mundo através dos sentidos e dos movimentos. Ele aprende pegando, tocando, levando objetos à boca, ouvindo sons, observando pessoas. É como se ele estivesse “experimentando o mundo com o corpo”.
Aqui surge algo muito importante: o bebê descobre que os objetos continuam existindo mesmo quando ele não os vê — é o que chamamos de permanência do objeto. Por exemplo, quando a mãe esconde um brinquedo debaixo de um pano, e o bebê procura por ele, é porque ele já entende que o brinquedo não desapareceu, só está escondido.
Esse é um marco fundamental do desenvolvimento cognitivo. Antes disso, o que a criança não vê, simplesmente deixa de existir para ela.
O segundo estágio é o pré-operacional, que vai dos dois aos sete anos de idade.
Agora, a criança começa a desenvolver a linguagem, o pensamento simbólico e a imaginação. Ela já é capaz de representar mentalmente os objetos e as situações. É por isso que brincadeiras de faz-de-conta se tornam tão comuns nessa fase.
Mas atenção: apesar de toda essa criatividade, a criança ainda tem um pensamento egocêntrico, ou seja, ela acredita que todo mundo pensa e sente como ela. Se ela gosta de sorvete de morango, ela acha que todo mundo também gosta.
E tem mais: nessa fase, a criança ainda não desenvolveu a reversibilidade do pensamento, que é a capacidade de desfazer mentalmente uma ação e voltar ao ponto de partida.
Quer ver um exemplo clássico?
Imagina duas copos de vidro com a mesma quantidade de água. Se você pegar um deles e despejar o líquido em um copo mais fino e alto, a criança do estágio pré-oper... Ler mais